segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Os horrores da Inquisição e seus modernos defensores


Julio Severo
Tão pérfido quanto cometer um crime é desculpá-lo, minimizá-lo ou negá-lo.

Em outubro de 2015 o filósofo Olavo de Carvalho disse: “A entidade chamada Inquisição é uma invenção ficcional de protestantes.” Sua declaração original está aqui.
Outras de suas declarações pró-Inquisição estão expostas aqui.
Se tudo o que Olavo disse sobre a Inquisição é correto, então os protestantes são mentirosos, pois eles dizem horrores da Inquisição há cinco séculos.
Se tudo o que Olavo disse sobre a Inquisição é correto, então os judeus são mentirosos, pois eles dizem horrores da Inquisição há mais de cinco séculos.
Se tudo o que Olavo disse sobre a Inquisição é correto, então o Papa João Paulo 2º é um mentiroso, pois ele comparou a Inquisição ao comunismo e nazismo. Aliás, ele pediu perdão pelos crimes da Inquisição.
Falando aos cardeais sobre a Inquisição em 1994, o papa disse que confessar o pecado institucional seria uma parte proeminente do Ano Jubileu de 2000. “Como é que podemos ficar em silêncio sobre tantos tipos de violência perpetrados no nome da fé?” ele perguntou, especificamente mencionando “guerras religiosas, tribunais da Inquisição e outras violações dos direitos da pessoa humana.” Ele os comparou aos “crimes do nazismo de Hitler e ao stalinismo marxista.”
No lugar do papa, Olavo e uns poucos católicos radicais que promovem um revisionismo histórico da Inquisição exigiriam que protestantes, judeus e o Papa João Paulo 2º pedissem perdão por suas “invenções ficcionais” contra a Inquisição.
O comunismo e o islamismo, que cometeram e cometem grandes crimes contra a humanidade, vivem de revisionismo histórico. Como é que um movimento que se chama de conservador pode ter esse tipo de subsistência desonesta?
O caminho certo para o conservadorismo católico é reconhecer os horrores da Inquisição e confessar o pecado institucional, como fez o Papa João Paulo 2º. Tal reconhecimento impediria que a unidade católica pró-família e pró-vida com evangélicos e ortodoxos sofresse uma ruptura por causa do apego irracional e insano a uma instituição que fez tudo o que o diabo gosta (matar, roubar e destruir) e não fez nada que o Senhor Jesus mandou (amar os pecadores e pregar o Evangelho).
O caminho errado e criminoso é, imitando comunistas e islâmicos, promover um revisionismo histórico. Tal revisionismo nada tem a ver com o conservadorismo genuíno. Desculpar ou minimizar os horrores da Inquisição nada tem a ver com o verdadeiro Cristianismo e representa agressão a judeus e evangélicos. Representa também agressão a uma Igreja Católica que desde o Papa João Paulo 2º tem se distanciado da Inquisição e buscado uma plataforma que defenda a vida e a família, não a tortura, assassinato e violações de direitos humanos.
Como um movimento “conservador” que se diz pró-vida pode ter moral para criticar os horrores da indústria do aborto e do comunismo quando nega, desculpa ou minimiza os horrores da Inquisição e transforma suas vítimas judias e protestantes em mentirosas?
Que tipo de movimento “conservador” é esse, onde um homem que se autointitula seu cabeça nada mais faz do que alegar que a “Inquisição é uma invenção ficcional” e xingar conservadores evangélicos e católicos que discordam de suas opiniões pessoais?
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