sexta-feira, 1 de abril de 2016

Trump esquenta o debate sobre o aborto nos EUA

Julio Severo
Em 30 de março, Donald Trump, o candidato presidencial republicano à presidência dos EUA, atraiu grandes manchetes internacionais e a raiva de grupos pró-aborto e grupos pró-vida ao dizer, pela primeira vez, que o aborto, que é legal nos EUA durante os nove meses da gravidez, deveria ser banido e que as mulheres que o fazem deveriam ser punidas.
Os grupos pró-aborto ficaram revoltados porque para eles é inadmissível tirar das mulheres um suposto direito de matar seus bebês. Os grupos pró-vida ficaram furiosos porque na visão deles o culpado pelos abortos das mulheres são os médicos, e porque para eles tanto o bebê quanto mulher aborteira são vítimas.
Não sei as motivações de Trump para falar de aborto, pois ele não tem nenhum histórico pró-vida. Aliás, o histórico dele é muito complicado. Mas ele esquentou bastante o debate sobre o aborto, não recebendo apoio nem de grupos pró-aborto nem de grupos pró-vida.
Enquanto os grupos pró-aborto proclamam que abortar é um direito, o movimento pró-vida diz que aborto provocado é assassinato. Mas quando Trump disse que o aborto é um assassinato cometido pela mulher aborteira, todos os candidatos republicanos o condenaram.
Com a oposição de grupos pró-aborto e pró-vida, Trump recuou, não ao ponto de dizer que aborto é um direito, mas de afirmar que quem comete assassinato são os médicos e clínicas de aborto.
O debate provocado por Trump foi importante, porque se de fato aborto é assassinato, por que a mulher aborteira tem de ser vista como vítima? Por que ela não pode ser responsabilizada pelos seus atos?
Se não existe responsabilidade nenhuma da mãe aborteira, então onde está o crime de assassinato? Como então insistir que aborto é assassinato se a mãe aborteira é tratada como “vítima” muito antes de um arrependimento?
Por que o movimento pró-vida nos EUA forçou Trump a recuar? Ele foi amplamente atacado e criticado por seus colegas do Partido Republicano e pelo movimento pró-vida porque não tratou a mãe aborteira como “vítima.”
Parece que o movimento pró-vida dos EUA vê a mulher aborteira como digna de perdão e graça muito antes de ela reconhecer seu pecado e pedir perdão.
A falta de histórico pró-vida em Trump é preocupante. Mas gosto muito do modo como ele provoca debates interessantes.
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